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Embora tanto os operadores móveis como a indústria Wi-Fi tenham declarado vitórias na sequência da Conferência Mundial de Radiocomunicações (WRC-23) no Dubai, em Dezembro passado, o acordo permite operações licenciadas e não licenciadas na banda de 6GHz. Isto difere das duas escolas de espectro mais proeminentes, americana e chinesa, onde o espectro de 6 GHz é predominantemente alocado para serviços Wi-Fi ou 5G. No entanto, alinha-se com a estratégia europeia de facilitar a coexistência entre as telecomunicações móveis internacionais (IMT) e as tecnologias Wi-Fi.

Entre os países que licenciaram as bandas superior e inferior de 6 GHz estão os Estados Unidos, Canadá, Brasil, Arábia Saudita e Coreia do Sul. O outro grupo, que inclui a União Europeia, o Reino Unido e muitos outros, licenciou apenas a banda inferior de 6 GHz. Por outro lado, a China alocou uma parte significativa do seu espectro de 6 GHz para 5G em 2023, posicionando-se na vanguarda da viabilização da tecnologia 5G (e, eventualmente, 6G).

A UE considera a atribuição da faixa de 6 GHz crucial para impulsionar a implantação do 5G e pretende uma solução híbrida onde o Wi-Fi e as telecomunicações móveis internacionais (IMT) possam coexistir. As decisões finais são esperadas até 2026, com a Europa provavelmente a fornecer informações antecipadas sobre a viabilidade técnica desta coexistência.

Os defensores do deslicenciamento da faixa de 6 GHz argumentam que isso permite o uso de faixas do espectro de forma mais flexível, sem as restrições de serviços específicos. Eles enfatizam a preferência por Wi-Fi em vez de 5G em configurações domésticas de Internet e sugerem que o deslicenciamento de Wi-Fi poderia reduzir os custos de Internet em áreas remotas, já que o Wi-Fi 6 e o Wi-Fi 6E usam tecnologia existente e, portanto, mais barata. Além disso, eles apontam para a capacidade do Wi-Fi 6E para velocidades de até 9,6 Gbps, três vezes mais rápidas que os padrões atuais, e seu desempenho superior em ambientes lotados. Além disso, o Wi-Fi 6E é conhecido pela sua eficiência energética (atribuída a recursos integrados de economia de energia) e adaptabilidade a paisagens geográficas desafiadoras.

Os defensores da atribuição do espectro de 6 GHz às Telecomunicações Móveis Internacionais (IMT) e especificamente ao 5G destacam diferentes benefícios. Salientam que tal atribuição aumentaria significativamente a largura de banda e a capacidade, conduzindo a uma melhor qualidade de serviço. O 5G, projetado para fornecer velocidades de até 10 Gbps, se beneficiaria dos 6 GHz com latência reduzida, o que é crucial para aplicações que exigem capacidade de resposta em tempo real, como direção autônoma e telemedicina. Além disso, o 5G suporta até um milhão de dispositivos conectados por quilômetro quadrado, um recurso essencial para o ecossistema da Internet das Coisas (IoT).

Ambas as tecnologias têm usos específicos: o Wi-Fi 6 E é ideal para casas inteligentes, realidade virtual e eventos de grande escala, enquanto o 5G se destaca em veículos autônomos, telemedicina e aplicações industriais de Internet das Coisas. Cada um tem suas vantagens competitivas. O 5G normalmente cobre uma faixa geográfica mais abrangente do que o Wi-Fi 6E e pode ser usado tanto em ambientes internos quanto externos. O 5G oferece velocidades um pouco mais rápidas, enquanto o Wi-Fi 6E requer menos investimento em infraestrutura.

À medida que os governos de todo o mundo ponderam o futuro do espectro de 6 GHz e os especialistas questionam os benefícios versus os custos, muitas questões políticas precisam de ser abordadas.

Fornecer conectividade acessível em áreas remotas é um desafio complexo e não existem respostas claras para a melhor solução. No passado, países mais pequenos e geograficamente mais planos encontraram soluções simples para a conectividade móvel, tais como o investimento estatal em infra-estruturas de base e a facilitação do acesso de última milha para utilização comercial. Os países maiores com topografia complexa enfrentam desafios numa escala totalmente diferente, especialmente nos mercados em desenvolvimento.

Publicado originalmente aqui

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