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A harmonização obrigatória da UE das portas de carregamento terá um impacto negativo na inovação

No mês passado, a Comissão Europeia revelou seu plano para harmonizar as portas de carregamento para dispositivos eletrônicos. Com a nova legislação, o USB-C será a porta padrão exigida para todos os smartphones, câmeras, tablets, fones de ouvido, alto-falantes portáteis e consoles de vídeo. Quando a UE propôs pela primeira vez um carregador comum em 2009, eles acreditavam que seria o padrão micro-USB.

A UE afirma que esta abordagem é necessária para resolver a 'inconveniência do consumidor' e enfrentar o problema do lixo eletrônico, mas essa lógica não faz sentido. Esta regulamentação terá um impacto negativo na inovação, não contribuirá em nada para ajudar o ambiente e acabará por ser o consumidor a pagar a conta. A melhor coisa que a UE pode fazer para ajudar os consumidores e não impedir a inovação é manter a neutralidade tecnológica.

Embora o USB-C pareça ser o carregador mais eficiente no momento, não podemos prever como essa tecnologia se desenvolverá no futuro. Por exemplo, em 2009, quando a União Europeia propôs pela primeira vez um carregador comum, o micro-USB foi considerado o padrão Se esse carregador comum tivesse sido aprovado, os consumidores europeus teriam perdido os agora mais populares dispositivos USB-C que são o novo padrão? O tempo nos mostrou que sempre há tecnologias melhores e mais eficientes esperando nos bastidores. Ao legislar um carregador comum, a UE será responsável por atrasar a inovação que privará os consumidores de escolha não apenas agora, mas no futuro. A adoção desta proposta pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho poderá demorar muitos mais meses, altura em que muitas empresas poderão mesmo encontrar soluções melhores do que as atualmente propostas.

Com a tecnologia em rápido desenvolvimento, não há garantia de que o USB-C ainda será considerado a tecnologia de carregamento mais eficiente daqui a alguns meses. Além disso, à medida que mais e mais empresas estão experimentando carregadores sem fio, é muito provável que os cabos de carregamento se tornem obsoletos. Se essa proposta for aceita, as empresas serão obrigadas a fornecer o plug de qualquer maneira. 

Quando a Apple decidiu abandonar a porta de fone de ouvido para iPhones em 2016, muitos ficaram céticos sobre a mudança. Mas os consumidores acabaram apreciando a tecnologia sem fio e não tendo que lidar com fios que sempre se enredam misticamente no momento em que você os coloca no bolso. Se a UE ou qualquer outro órgão governamental tivesse tentado intervir e consertar o “inconveniente”, provavelmente não teríamos conseguido aproveitar os benefícios deles.

O mais perturbador é que essa decisão visa especificamente a Apple, a única empresa que usa um cabo Lightning exclusivo para seus produtos. Considerando quantos usuários de iPhone existem na Europa, esta proposta teria um impacto imediato, forçando os usuários a jogar fora seus fios existentes e ter que comprar novos. É difícil não ser cético sobre esse movimento. Os inovadores continuarão inovando e temos versões novas e aprimoradas dos produtos que surgem no mercado quase diariamente. O que precisamos é de mais concorrência, que é o principal motor da inovação. Mandatos de carregador comuns não farão nada além de infringir esse espírito empreendedor e exigir tecnologia que provavelmente ficará obsoleta em breve. 

Com esta proposta, a UE está escolhendo favoritos e endossando uma tecnologia específica, quando na realidade deveria praticar a neutralidade tecnológica. Em vez de forçar as empresas a adotar uma solução de comissão, a UE deveria simplesmente emitir recomendações gerais, deixando para as empresas e consumidores a escolha final de qual fio de carregamento desejam usar.

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