Brasília, BR- O Parlamento Europeu inveja, nesta segunda-feira (14), uma nova carta aos Presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM/MG), pedindo a manutenção do veto nº 48/2021, que trata da quebra de patentes de vacinas e remédios. Esta é a segunda vez que os membros do Parlamento se envolvem em contato com os presidentes do Congresso expressando suas preocupações com o futuro da inovação no Brasil.
Em setembro de 2021, quando o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), assinou a lei que quebra temporariamente patentes de vacinas e medicamentos em situações de emergência, os membros enviaram a Lira e Pacheco uma primeira carta pedindo a manutenção do veto, que voltou ao Congresso. Porém, como as Casas ainda não decidiram sobre o tema, o Parlamento se mobilizou novamente, em apelo.
Na carta, 10 membros do Parlamento Europeu, pertencentes a diferentes grupos políticos e países, alegam que o Projeto de Lei (PL) 12/2021, em particular o item que fala sobre as licenças compulsórias e transferência tecnológica forçada, não tem precedentes e vai contra o acordo da TRIPS assinado pelo Brasil. A iniciativa dos europeus conto com o apoio do grupo internacional de defesa dos consumidores, Consumer Choice Center (CCC), e da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado (FPLM).
Segundo a Eurodepudata Gianna Gancia, o Parlamento tem se mobilizado pelo tema devido à parceria comercial entre o Brasil e a União Europeia (UE). “Países com fortes leis de PI estimulam a inovação e a criatividade, que são necessárias para o crescimento econômico, alavancar a competitividade e gerar empregos. Infelizmente, o PL nº 12/2021, faz o mundo questionar a seriedade com que o Brasil assume seus compromissos internacionais, incluindo as obrigações descritas no acordo TRIPS”, defendeu.
Já para o Deputado Paulo Ganime (NOVO/RJ), coordenador de Inovação da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, “o governo acertou em vetar a parte do texto que fala sobre a licença compulsória e forçava a transferência tecnológica, algo que poderia beneficiar a aprovação do Brasil. Por isso, o mais importante agora é garantirmos que o veto seja mantido”.
Para Beatriz Nóbrega, Secretária Executiva da FPLM, é preciso criar um ambiente seguro para os investidores estrangeiros, a fim de incentivar a produção tecnológica e inovação no país. “Queremos deixar claro que no Brasil existe segurança jurídica e um ambiente que promove a inovação, o investimento estrangeiro direto e o acesso a novos produtos e serviços. Queremos ampliar as parcerias comerciais do Brasil no exterior e para isso precisamos honrar nossos acordos internacionais e buscar políticas que protejam a inovação e a criatividade”, pontua.
Na visão de Fábio Fernandes, Diretor de Comunicação da associação de consumidores Consumer Choice Center (Centro de Escolha do Consumidor), não houve necessidade de defesa da licença compulsória durante a pandemia da Covid-19, pois as patentes não foram fator limitante do acesso à vacina. “No início, a vacina não estava disponível porque os farmacêuticos não tinham capacidade produtiva e faltavam insumos para atender a alta demanda, mas em questão de meses o problema foi normalizado. Inclusive, o desenvolvimento da vacina mRNA só foi possível graças às leis de patentes e acordos internacionais. Hoje, que temos quase toda a população adulta vacinada, os consumidores estão preocupados que, aprovem uma lei como essa, da forma como está escrita, possivelmente os deixariam sem acesso a novos medicamentos e vacinas no futuro”, explicou.
A matéria tramita pelo Congresso e será apreciada por ambas as Casas. A Frente Parlamentar pelo Livre Mercado e o Consumer Choice Center seguem articulando pela causa, acreditando que a manutenção do veto nº 48/2021 poderá sobreviver a economia do Brasil e as relações comerciais entre países.
*** O Diretor de Comunicações do CCC pode ser contatado para comentários em ffernandes@consumerchoicecenter.org***
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