Durante anos, um tema conseguiu unir consistentemente legisladores de ambos os lados: as mídias sociais e seus efeitos sobre as crianças. Na Virgínia, o impulso bipartidário levou a uma proposta viável— um projeto de lei que limitaria automaticamente o tempo de tela para usuários menores de 16 anos, a menos que um dos pais optasse por não fazê-lo. Importante ressaltar que o projeto de lei não chegou a proibir completamente os feeds algorítmicos.
Mas Governador Glenn Youngkin tem desde então respondeu com um conjunto de emendas que, embora baseadas em boas intenções, tornam o projeto de lei significativamente mais difícil de implementar e muito menos prático.
Os pais, e não os políticos, devem dar as ordens
No cerne deste debate está uma questão fundamental: quem decide o que é melhor para as crianças? A versão de compromisso da Lei de Proteção de Dados do Consumidor foi aprovada com apoio unânime na Assembleia Geral do Departamento de Assuntos de Veteranos dos EUA (VA) e respeitava um princípio simples, mas poderoso:Os pais, e não o governo, devem estar no comando quando se trata do tempo de tela dos filhos.
As mudanças propostas por Youngkin equilibram o uso. Ele quer que as restrições padrão se estendam até o adolescente completar 18 anos e busca limitar recursos como reprodução automática e "rolagem instantânea", que são essenciais para o funcionamento da maioria dos aplicativos. Mas o projeto de lei original já abordava a questão do uso excessivo com suas disposições de limite de tempo. Por que ir além?
Algoritmos não são inimigos
Sejamos honestos: o grande atrativo de aplicativos como Instagram e YouTube reside na capacidade de entregar conteúdo sem que os usuários precisem procurá-lo. Tire isso e você mudará fundamentalmente o que essas plataformas são. Ninguém quer gastar tempo no Instagram procurando conteúdo. Você está lá porque não sabe o que quer. A "descoberta" é a parte mais divertida e útil desse recurso.
Ironicamente, os algoritmos são tanto o problema quanto a solução para as preocupações da maioria dos legisladores com relação ao conteúdo online. Sim, eles podem amplificar conteúdo nocivo, mas também ajudam a criar experiências mais seguras e relevantes para usuários mais jovens. Um feed puramente cronológico, embora aparentemente "neutro", pode apresentar a mesma quantidade de material impróprio.
Ferramentas para pais já existem
Não faltam opções de controle parental hoje em dia. Apple, Google e Amazon oferecem ferramentas robustas para limitar o tempo de tela, filtrar conteúdo e monitorar a comunicação. Em casa, recentemente, trocamos nosso filho de 14 anos de um Bark Phone por um iPhone, e não perdemos um passo em termos de supervisão.
Da aprovação de downloads de aplicativos ao encerramento de aplicativos improdutivos, tudo está lá. TikTok, Instagram e outros até têm seus próprios recursos de controle parental (embora alguns exijam que os pais baixem o aplicativo, o que é uma preocupação justa para famílias preocupadas com a privacidade).
Então, qual é o papel do governo?
O acordo alcançado pelos legisladores da Virgínia não visava privar as empresas de tecnologia de suas funcionalidades. Tratava-se de incentivar os pais, muitos dos quais estão sobrecarregados ou desconhecem as ferramentas disponíveis, a assumirem um papel mais ativo.
Um limite de tempo padrão de uma hora não é uma proibição. É um incentivo. Abre portas para conversas dentro da família e incentiva os pais a estabelecerem limites com base no que funciona para eles.
Não desista de um acordo que funcionou
As edições de Youngkin visam uma abordagem muito mais ampla e restritiva, correndo o risco de descartar uma solução prática e consensual desenvolvida pelos delegados estaduais da Virgínia. O que a Virgínia tinha era uma política inteligente e flexível que reconhecia tanto o valor quanto os riscos das mídias sociais.
Sim, a regulamentação tem um papel aqui, como em qualquer setor voltado ao consumidor — mas deve ter como objetivo empoderar as famílias, não substituí-las. O projeto de lei original da Virgínia encontrou esse equilíbrio. O retorno de Youngkin à estaca zero torna um projeto de lei já desafiador para a escolha do consumidor ainda mais complexo.
O Consumer Choice Center é um grupo independente e apartidário de defesa do consumidor que defende os benefícios da liberdade de escolha, inovação e abundância na vida cotidiana para consumidores em mais de 100 países. Monitoramos de perto as tendências regulatórias em Washington, Bruxelas, Ottawa, Brasília, Londres e Genebra. www.consumerchoicecenter.org.


