Todo canadense tem uma história sobre como o sistema de saúde falhou com eles, seja por terem sido rejeitados em todas as clínicas sem hora marcada, por terem procurado um médico de família ou por terem esperado meses ou até anos por uma cirurgia para melhorar sua qualidade de vida.
Há algo fundamentalmente errado quando o país com o quarto maior gasto com saúde como parcela do PIB ocupa o penúltimo lugar no ranking do Consumer Choice Center Índice de economia de tempo em assistência médicaO índice baseia-se nos padrões da OCDE para o número médio de consultas médicas por ano, meta-análises de tempos de espera em vários países, individuais acadêmico estudos, relatórios oficiais, outros índices, dados de pesquisas gerais e artigos de jornais. Ele classifica 20 dos sistemas de saúde mais avançados de acordo com um conjunto abrangente de 13 fatores, que vão desde o tempo potencial economizado em uma consulta média de telemedicina até a disponibilidade de métodos contraceptivos de venda livre.
Nenhum país obteve a pontuação máxima possível de 75 pontos, mostrando que sempre há espaço para melhorias. Dinamarca e Holanda dividem a primeira posição, com 60 pontos, com a Suíça logo atrás, com 55. Nem todas as notícias canadenses são ruins. Oferecemos contracepção de emergência de fácil acesso em nível federal e acesso conveniente a serviços de farmácia, com 60 por cento dos canadenses morando a não mais de um quilômetro de distância. No geral, porém, o Canadá registrou a segunda menor pontuação, com 20 pontos, superando apenas os 15 pontos da Irlanda.
Isso não é surpreendente. O Canadá registra uma média de 68 minutos de espera na clínica, a mais alta no ranking. Também somos os piores em termos de tempo médio de espera para uma consulta de cirurgia eletiva e o terceiro pior em tempo perdido em consultas médias para pacientes não crônicos (aqueles que estão doentes há menos de três meses). Em um ranking focado no uso eficiente do tempo de pacientes e da equipe médica, um país onde os pacientes esperam em média 210 dias por uma cirurgia eletiva e gastam aproximadamente 218 minutos por ano em exames regulares não vai se sair bem. E, claro, quanto mais os pacientes esperam para serem atendidos, maior a chance de sua doença piorar, sobrecarregando ainda mais um sistema já falido.
A boa notícia é que os canadenses não parecem estar apáticos em relação a esse problema: 73 por cento querem uma reforma importante, enquanto 69 por cento estão abertos a ter opções privadas em paralelo ao sistema público. Dois países que os canadenses frequentemente admiram em termos de qualidade de vida, Suíça e Holanda, estão perto do topo do índice, em grande parte devido à sua decisão de abrir a assistência médica à rede privada. Teme-se frequentemente que, à medida que as alternativas privadas aumentam, as pessoas de baixa renda percam o acesso, minando a igualdade. Mas esse não foi o caso nesses dois países, nem em Quebec, que contratou com sucesso clínicas privadas para ajudar a eliminar atrasos na assistência médica.
Dados da OCDE mostram que 88% dos pacientes suíços consultam seu médico de atenção primária no dia em que marcam uma consulta, com apenas 12% esperando mais. Em contraste, 68 por cento dos canadenses esperar mais de duas semanas para consultar o seu médico de família. Apenas 25 por cento dos pacientes suíços esperam mais de um mês por uma consulta com um especialista, em comparação com 60% dos canadenses.
O segredo do sucesso da Suíça reside na combinação de serviços de saúde descentralizados e privados com seguro de saúde obrigatório. Hospitais canadenses classificação baixa na OCDE em médicos, leitos hospitalares e maquinário per capita, mas a concorrência entre os serviços suíços melhora a qualidade do atendimento prestado. Ao mesmo tempo, nenhum paciente suíço precisa se preocupar com a impossibilidade de pagar pelos cuidados de saúde, já que o Estado estabeleceu um piso para o seguro.
O precedente legal para uma abordagem semelhante já foi estabelecido no Canadá. Desde a Lei de 2005 Chaoulli No caso do Supremo Tribunal, que argumentou que a espera de um ano de Jacques Chaouilli por uma substituição da anca violou os seus direitos ao abrigo das cartas do Canadá e do Quebeque, o governo do Quebeque procurou limpar pendências cirúrgicas ao contratar clínicas privadas, com uma em cada seis cirurgias diárias financiadas publicamente em Quebec ocorrendo em clínicas privadas em 2023. Em vez de destruir o sistema público, Chaoulli liberou a válvula de pressão da assistência médica de uma forma que beneficiou pacientes sofredores.
O Índice de Tempo Economizado deve servir como mais um alerta para os formuladores de políticas. A maioria dos canadenses anseia por mudanças e quer mais opções em seu sistema de saúde. Tudo o que falta é vontade política para reverter a situação.
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