Terapia por etapas: as companhias de seguros de saúde controlam o atendimento ao paciente
A terapia por etapas, também conhecida como terapia “fail-first”, é uma estratégia chocantemente comum usada por empresas de seguro saúde para cortar seus custos. Esse método força os pacientes a experimentar medicamentos e tratamentos mais baratos antes que a empresa de seguro saúde finalmente aprove opções mais caras, mesmo que seu médico determine logo no início que o tratamento mais caro é o melhor caminho a seguir.
Essa abordagem pode fazer sentido para o lucro líquido das empresas de seguro saúde, mas é um insulto enorme aos pacientes. A experimentação em tratamentos de baixo custo causa atrasos no recebimento de cuidados vitais e, em alguns casos, até mesmo ameaça suas vidas.
'Terapia por Passos' vs Dignidade do Paciente
As seguradoras de saúde usam protocolos de terapia em etapas para uma série de condições de saúde que afetam significativamente a qualidade do atendimento ao paciente.
Pacientes com câncer, por exemplo, muitas vezes não podem esperar. Protocolos de terapia em etapas exigem que os pacientes tentem tratamentos de quimioterapia antigos ou menos eficazes antes que eles possam receber imunoterapias mais recentes e mais direcionadas, como Keytruda ou Opdivo.
Essas novas imunoterapias são um avanço inovador na medicina que salva vidas para tipos específicos de câncer avançado ou agressivo. Além disso, o tratamento funciona de forma diferente, ativando e treinando o sistema imunológico para destruir ativamente as células cancerígenas no corpo. Um caminho muito diferente da quimioterapia tradicional, que mata as células cancerígenas e também destrói o sistema imunológico do paciente.
Pacientes com esclerose múltipla (EM), uma doença nervosa debilitante, também geralmente precisam lidar com protocolos de terapia em etapas. Embora existam tratamentos de ponta disponíveis no mercado, como Ocrevus ou Lemtrada, que demonstraram diminuir a taxa de progressão da EM, ao mesmo tempo que aumentam a qualidade de vida dos pacientes com EM, as companhias de seguros de saúde são conhecidos para que esses pacientes experimentem opções mais antigas e menos potentes, como Avonex ou Copaxona.
Se esses pacientes “falharem” ou sua condição piorar com as opções mais antigas, então as empresas de seguro saúde podem considerar cobrir os medicamentos mais novos e mais caros. Esses atrasos, se a cobertura for concedida, podem causar danos duradouros e exacerbar problemas evitáveis.
Protocolos de terapia por etapas são usados até mesmo para tratamento de obesidade. Agora que medicamentos inovadores para perda de peso GLP-1 entraram no mercado como Ozempic e Nós somos, parece que muitos pacientes estão ansioso para colocá-los em prática para ajudar a controlar seu peso e melhorar a saúde geral.
Algumas empresas de seguro saúde exigem que os pacientes experimentem opções como dieta, exercícios ou medicamentos mais antigos, como Fentermina ou Orlistat, antes de aprovar tratamentos mais novos. Esses tratamentos mais antigos podem não funcionar bem para todos. Forçar os pacientes a continuar com opções desatualizadas e menos eficazes apenas para economizar dinheiro das empresas de seguro é injusto e precisa mudar.
É uma afronta à dignidade dos seres humanos que sofrem de uma doença não serem aprovados para o melhor tratamento possível o mais rápido possível.
Uma melhor maneira de equilibrar os custos da saúde
O modelo de terapia gradual que temos em nosso sistema de saúde agora coloca o dinheiro acima do cuidado e da escolha do paciente, mas há maneiras melhores de equilibrar os custos da saúde e, ao mesmo tempo, garantir que os pacientes recebam o tratamento de que precisam, quando precisam.
Uma solução simples seria permitir que os médicos anulassem a terapia gradual quando acreditassem que um tratamento mais novo ou mais eficaz fosse necessário. Isso daria aos médicos o poder de escolher o melhor tratamento sem atrasos desnecessários, levando a melhores resultados para os pacientes. O acesso rápido aos tratamentos certos pode ajudar a prevenir mais complicações de saúde e reduzir os custos de assistência médica a longo prazo. Outra opção que deve ser explorada são planos centrados no paciente que priorizam a transparência. Os consumidores devem ter mais opções ao escolher seu seguro de saúde e mais transparência das seguradoras de saúde em relação ao que seus planos cobrirão ou não, como eles determinam os protocolos de terapia em etapas, preços transparentes e todas as outras informações pertinentes que ajudarão os consumidores a decidir qual seguradora e plano são os mais adequados para eles.