Os contribuintes ao redor do mundo, que ousam participar de atividades como fumar e beber, deveriam pagar ainda mais impostos para ajudar a financiar organizações globais que estão sofrendo cortes de financiamento de grandes países como os Estados Unidos?
É o que o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, parece pensar.
Segundo Ghebreyesus, os países têm muitas "ferramentas" à disposição para aumentar a "receita" e, em seguida, destinar esses fundos a questões como a saúde global. A primeira dessas ferramentas são os impostos sobre o pecado.
Um imposto sobre o pecado é um imposto que os governos impõem aos cidadãos sobre produtos ou serviços que burocratas governamentais consideram desnecessários ou prejudiciais. Isso inclui coisas como cigarros, jogos de azar, cannabis, álcool e outros.
A ideia básica que os governos têm é que esses produtos e serviços são prejudiciais e que você, o consumidor, deve ser punido pagando mais impostos sobre o seu suposto vício de escolha.
Impostos sobre o pecado são uma ótima maneira de os governos alegarem que estão tomando medidas para proteger os cidadãos de si mesmos. Na realidade, tudo se resume a obter um lucro considerável para aumentar os lucros do governo. Enquanto isso, burocratas paternalistas atrapalham as pessoas que simplesmente tentam viver suas vidas como bem entendem.
Os governos costumam vender impostos sobre o pecado como forma de dissuadir as pessoas de fazerem coisas que consideram ruins. Mas o véu caiu no discurso de Ghebreyesus, quando ele deixou claro que impostos mais altos sobre o pecado são necessários para ajudar a compensar as deficiências enfrentadas pela OMS e outras organizações globais.
Países como Estados Unidos, Reino Unido e França estão reavaliando seus gastos com ajuda externa. Como resultado, organizações como a OMS estão em busca de dinheiro.
Mas aumentar os impostos sobre o pecado é praticamente a pior maneira de tentar compensar o déficit de financiamento.
Primeiro, por que a responsabilidade de resolver os problemas de financiamento de organizações globais deve recair sobre aqueles que gostam de fumar, vaporizar, beber ou jogar?
Em segundo lugar, aumentar os impostos sobre o pecado só levará mais pessoas ao mercado negro. Estudos mostram que, quando os impostos sobre o pecado ficam muito altos, as pessoas recorrem a outros lugares para desfrutar de seus vícios. E o governo, como resultado, perde receita tributária.
Como o professor da Concordia, Ian Irvine, aponta em um relatório da CD Howe, a história mostra que tentar suprimir a demanda por “produtos pecaminosos” leva os clientes ao mercado negro.
É aí que entra o crime organizado. Quando os preços sobem demais, os consumidores procuram outras opções. E quando se trata do mercado negro, o crime organizado preenche essa lacuna.
Quando um governo se vangloria por ver uma queda no número de fumantes após aumentar os impostos sobre o pecado, por exemplo, a realidade mais provável é que muitos consumidores simplesmente tenham recorrido ao mercado negro.
Se um país quer aumentar sua receita, é melhor não entregá-la a organizações criminosas.
Os impostos sobre o pecado também são regressivos, pois são cobrados de pessoas vulneráveis na mesma alíquota aplicada àquelas com amplos recursos para pagar. O próprio Ghebreyesus está pedindo aos países de baixa e média renda que aumentem os impostos sobre o pecado para sua população, que já enfrenta dificuldades. Fumantes e consumidores de bebidas açucaradas vêm de todas as origens socioeconômicas e todos arcarão igualmente com o ônus desses impostos aumentados. Pedir que pessoas de baixa renda façam isso para financiar programas para outras pessoas de baixa renda é o pior cinismo.
Não há dúvida de que diversas organizações internacionais realizam um trabalho importante ao redor do mundo. Mas propor impostos mais altos sobre o pecado para financiar seus déficits é um erro.
Não importa se os consumidores estão apreciando uma garrafa de vinho ou apostando no resultado de uma partida esportiva com seu time favorito, os contribuintes não deveriam ter que pagar mais em impostos regressivos e ineficazes por ousar participar dessas atividades para ajudar a financiar organizações internacionais.
Publicado originalmente aqui