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Dados sobre incêndios na floresta amazônica contam uma história muito diferente das mídias sociais

É difícil perder as notícias sobre o incêndio na floresta amazônica no Brasil. Milhões de pessoas estão pedindo ação imediata nas mídias sociais e, com uma quantidade limitada de conhecimento prévio, não é surpresa que muito do que está sendo relatado seja impreciso.

Uma grande variedade de celebridades chamou a atenção para o problema, principalmente por meio de tweets, variando de esportistas superestrelas a atores famosos. Quando perguntado o que Madonna, Christiano Ronaldo, Leonardo DiCaprio e Emmanuel Macron têm em comum, você provavelmente está esperando uma piada engraçada. Na verdade, todas essas pessoas compartilharam fotos on-line sobre os incêndios que comprovadamente são muito mais antigas. No caso do presidente francês, a fotografia que ele postou foi tirada por um fotógrafo que morreu em 2003, tornando-o pelo menos 16 anos de idade.

Macron:

Nossa casa está pegando fogo. Literalmente. A Amazônia, o pulmão do nosso planeta, que produziu 20% do oxigênio do mundo, está pegando fogo. Esta é uma crise internacional. Membros do G7, vamos nos encontrar daqui a dois dias para falar sobre essa emergência. #ActForTheAmazon

Até o Papa Francisco Juntou se, se juntou o chamado para proteger a floresta tropical.

Com apelos como “Salve a Amazônia” ou “Emergência da Amazônia”, o relevante a fazer é colocar as coisas em perspectiva. Sabemos que o número de incêndios no Brasil este ano é maior que no ano passado, mas também é quase o mesmo de 2016 e menor que 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2010 e 2012. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, que trabalha com a NASA, mostra que 2019 não está fora de linha. Esses dados são recebidos ao analisar imagens de satélite.

Embora o número de incêndios em 2019 seja de fato 80% maior do que em 2018 – esse número que você provavelmente já viu relatado de forma descontrolada – é apenas 7% maior do que a média dos últimos 10 anos. Além disso, a maioria dos incêndios está ocorrendo atualmente em terras já desmatadas na Amazônia.

Permanece um mito popular de que a Amazônia é “o pulmão da Terra”, produzindo “20% do oxigênio do mundo”. No tweet de Emmanuel Macron de cima, o presidente repete exatamente essa linha. Na realidade, ambos são imprecisos, e não apenas porque seus pulmões não produzem oxigênio.

Mas é claro que o número vai continuar vivo enquanto houver reportagens na mídia a serem produzidas, inclusive do Associated Press (que teve que se retratar).

Na verdade, quase todo o oxigênio respirável da Terra se originou nos oceanos, e há o suficiente para durar milhões de anos. Há muitas razões para ficar chocado com os incêndios na Amazônia deste ano, mas esgotar o suprimento de oxigênio da Terra não é uma delas, escreve Snopes.

Então não, você não vai morrer sufocado por causa das queimadas na Amazônia.

Leva um minuto para que as pessoas percebam com que temeridade julgamos a floresta brasileira de uma perspectiva norte-americana ou européia. Grandes áreas florestais comparáveis à Amazônia não existem na Alemanha, França, Itália ou Estados Unidos, aliás, porque foram transformadas em terras agrícolas e usadas para enriquecer as comunidades locais por meio do uso efetivo da terra.

No Brasil, 80% da Amazônia está protegida do desmatamento e permanece intocada. Enquanto isso, também precisamos observar que o desmatamento também caiu 70 por cento nos últimos anos, e apenas uma fração da terra pode ser usada para coisas como o cultivo de soja.

Retratar os habitantes da região amazônica como selvagens gananciosos e egoístas apenas alimentará memórias do colonialismo.

Pairar acima da autoridade brasileira sobre a Amazônia, espalhar a necessidade de “ação imediata” desinformando o público quando os líderes dos países em questão levaram o desmatamento muito mais longe do que o Brasil já fez, é muito rico. A vontade de combater os incêndios acidentais (que deverão aumentar devido às alterações climáticas) está presente. No entanto, a forma como o debate foi conduzido nas últimas semanas privará os líderes políticos da América do Sul, bem como a população que vota neles.

Retratar os cerca de 30 milhões de habitantes da região amazônica como selvagens gananciosos e egoístas que precisam de Leonardo DiCaprio para educá-los sobre os desafios ambientais globais apenas alimentará memórias do colonialismo. Essa palavra é escolhida com algum cuidado – o ambientalismo moderno se transformou em um conjunto de indivíduos e países ricos dizendo às populações de baixa renda que elas precisam permanecer pobres em prol da segurança ambiental internacional.

O debate sobre incêndios na Amazônia é mais uma edição de “abstinência x inovação” (aqui está o edição de aviação). Diz-se que o agroconsumo global e a demanda por coisas como carne são a causa do problema e, dentro dessa narrativa, apenas o corte no consumo pode produzir resultados positivos. Isso não é verdade. Através da modificação genética e edição de genes, podemos identificar os problemas de hoje e resolvê-los com a tecnologia de hoje.

O futuro de nossa civilização reside na engenhosidade da pesquisa científica, não na redução liderada pelo governo em consumo.

Em 2014, OGMs permitidos aos agricultores usar 51 milhões de acres a menos de terra para produzir a mesma quantidade de alimentos, fibras e combustível. Sem os transgênicos, precisaríamos de mais 22 milhões de acres de milho, 19 milhões de acres de soja, nove milhões de acres de algodão e 1,5 milhão de acres de canola. Também sabemos de maravilhosos avanços científicos na área de carnes, onde os “Impossible Burgers” agora entregam hambúrgueres sem carne e saborosos nas principais redes de fast-food.

O futuro de nossa civilização está na engenhosidade da pesquisa científica, não na redução do consumo liderada pelo governo. Precisamos acabar com os mitos sobre nossos desafios ambientais muito reais e abordar o problema real com soluções reais.

Originalmente publicado aqui.

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